Publicação feita no blog Interventional News no dia 4 de Dezembro de 2019, pelo Dr. Vinicius Fornazari. Versão traduzida e adaptada para a língua portuguesa.
Mulheres em idade reprodutiva com miomas sintomáticos experimentam uma melhora significativa na qualidade de vida e uma redução significativa nos sintomas após o tratamento com embolização de miomas uterinos (EMU), relata um estudo recente. Publicado no Cardiovascular and Interventional Radiology (CVIR) Endovascular, Dr. Vinicius Fornazari e colaboradores também concluem que a funcionalidade contratilidade uterina parece ser um dos fatores responsáveis pelo impacto positivo na qualidade de vida e na função sexual dessa população.
Embora as mudanças no padrão de contratilidade uterina após a EMU já tenham sido identificadas por ressonância magnética (RM), a avaliação do impacto da MEU, contratilidade uterina e qualidade de vida, ainda não haviam sido estudado, sendo então um estudo inédito e pioneiro sobre esta temática.
O autor principal, Dr. Vinicius Adami Vayego Fornazari (Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, Brasil) e seus colegas, portanto, propuseram-se a investigar o impacto da contratilidade uterina na qualidade de vida das mulheres submetidas à EMU, medida pelo questionário de Sintomas de Miomas Uterinos e Qualidade de Vida. O autores afirmam que o questionário, é “uma ferramenta validada para medir os sintomas relatados pelo paciente e documentar os resultados clínicos de procedimentos cirúrgicos e intervencionistas em pacientes com miomas uterinos”.
Embora a EMU seja reconhecida como uma opção de tratamento de nível A para o manejo de Miomas em pacientes cuidadosamente selecionadas.
Dr. Fornazari e colaboradores afirmam que a maioria das pacientes que desejam engravidar opta por uma miomectomia, embora hajam inúmeros estudos que demonstram gestações bem-sucedidas após a EMU. “Uma das hipóteses para a associação entre miomas e infertilidade”, escrevem os autores do estudo, “é a alteração da contratilidade uterina”.
As contrações uterinas atuam na eliminação do endométrio descamado durante o período menstrual e também têm várias funcionalidades relacionadas à manutenção da gravidez e fertilidade. Em contrapartida, durante a fase ovulatório a contratidade uterina ascendente ajuda a condução dos espermatozóides da vulva até as trompas uterinas, para ocorrer a fecundação com o óvulo.
No entanto, essas contrações quando alterada também estão relacionadas à dismenorreia (cólicas menstruais). Tem sido hipotetizado que os miomas podem alterar a contratilidade e a funcionalidade uterina, escrevem Dr. Fornazari e colegas, assim, gostaríamos de entender se a embolização poderia corroborar com melhora da contratilidade e consequentemente da fertilidade destas pacientes.
O presente estudo apoia essa teoria: metade das 26 pacientes incluídas prospectivamente no estudo experimentou mudanças positivas em seu padrão de contratilidade uterina após a EMU. Após a MEU 38% das paciente mantiveram contratilidade inalterada e 50% melhora da contratilidade a nível fisiológico e apenas 3 paciente apresentaram ausência de contratilidade após o procedimento. Assim, a primeira conclusão do Dr. Vinicius e colaboradores, foi que “A EMU pode estar associada à melhora do padrão de contratilidade uterina em mulheres com miomas sintomáticos.” (Cardiovasc Intervent Radiol. 2019 Feb;42(2):186-194. doi: 10.1007/s00270-018-2053-6. Epub 2018 Aug 27.)
A segunda parte do estudo, avaliou estes padrões de alteração de contratilidade com sinais e sintomas destas pacientes, a partir de um questionário validado internacionalmente para estas avaliações, respondido pelas pacientes antes e 6 meses após a EMUT.
Dr. Fornazari e colaboradores puderam concluir que a “Melhora significativa nos sintomas, qualidade de vida e contratilidade uterina foi observada após EMUT, em mulheres em idade reprodutiva com miomas sintomáticos. A contratilidade uterina funcional parece ter um impacto positivo na qualidade de vida e na função sexual desta população. (CVIR Endovasc. 2019 Nov 12;2(1):36. doi: 10.1186/s42155-019-0080-2.
Dr. Vinicius, colaboradores e a literatura médica atual, acreditam que a contratilidade possa ser uma das causas de infertilidade, e de acordo com os resultados destes estudos, a EMUT pode além de beneficiar estas pacientes pela melhora dos sintomas e melhora qualidade de vida, mas também pela potencial restauração da contratilidade uterina fisiológica.
Mais estudos científicos sobre esta temática devem ser realizados, a fim de concluir estas hipóteses.
Fonte: https://interventionalnews.com/resumption-uterine-contractility