Eficácia da Atividade Física na Melhora da Depressão, a Ansiedade e o Sofrimento - RAINTER - Instituto Médico
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Eficácia da Atividade Física na Melhora da Depressão, a Ansiedade e o Sofrimento

Publicação feita na revista científica Br J Sports Med em fevereiro de 2023 pelos pesquisadores da Universidade do Sul da Austrália. A avaliação, resumo, comentário e tradução para o português deste blog foi realizada pelo Dr. Vinicius Fornazari.

Dr. Ben Singh e colaboradores da University of South Australia publicaram em feveriro de 2023 uma revisão sistemática de literatura com o objetivo de sintetizar evidências sobre os efeitos da atividade física sobre sintomas de depressão, ansiedade e sofrimento psicológico em populações adultas.

Foram avaliadas 97 revisões sistemáticas, 1.039 meta-análises randomizadas, totalizando 128.119 pacientes.  

Os autores puderam observar e concluir que:

  • a atividade física é altamente benéfica para melhorar os sintomas de depressão, ansiedade e sofrimento na população em geral, bem como em pessoas com diagnóstico de doenças crônicas e transtornos de saúde mental.
  • benefícios foram ainda maiores em pacientes com depressão, HIV, doença renal, mulheres grávidas e puérperas e mesmo em pessoas saudáveis.
  • Independente da modalidade de exercício físico (aeróbico, resistência ou yoga), a prática moderada e intensa apresentaram maior efetividade ao longo do tempo.
  • Em contrapartida, observaram que a eficácia no alívio dos sintomas diminuiu quanto maior o tempo de duração.

Comentário Dr. Vinicius Fornazari

Este estudo foi muito bem desenhado e cientificamente executado, trazendo informações de extrema relevância na nossa prática médica.

Antes deste estudo, a literatura já havia confirmado que a atividade física pode ter efeitos semelhantes à psicoterapia e farmacoterapia em pacientes depressivos, ansiosos ou sofrimentos psicológicos. 2,3,4 Porém, o mais difícil é a definição do tempo, intensidade e modalidade de exercícios mais adequados para cada paciente, afinal cada qual possui sua individualidade.  

Uma constatação interessante deste estudo foi que a eficácia dos exercícios diminuiu com o passar do tempo. As hipóteses levantadas pelos pesquisadores foram:

  • ao sentir a melhora, alguns indivíduos diminuem a assiduidade dos exercícios físicos
  • abandono de tratamento devido expectativa de melhora rápida não correspondida 

Nesta mesma linha de raciocínio, outra observação surpreendente foi que intervenções de menor tempo de duração semanal demonstraram maior efeito do que tempo mais prolongados.5 É possível que intervenções de duração mais curta são mais fáceis de serem cumpridas, enquanto intervenções com maior duração e intensidade, além de mais onerosas e podem ser impactantes para a adaptação social e psicológica rotineira. 

Aqui ressaltamos que o poder do hábito é extremamente importante para manter a assiduidade e assim conseguir receber todos os benefícios físicos e mentais que os exercícios físicos proporcionam ao longo do tempo.

Então, escolha o exercício físico que você se sinta mais feliz ao praticá-lo, procure orientação de um profissional da área, mantenha assiduidade e evolua gradativamente seu status físico e mental, pois os benefícios virão. 

Seja intenso no que se propõe a fazer, mas sempre com a devida pertinência. Evolua gradualmente.

Referência Bibliográfica:

  1. Ben Singh  et al. Effectiveness of physical activity interventions for improving depression, anxiety and distress: an overview of systematic reviews. Br J Sports Med 2023 Sep;57(18):1203-1209. doi: 10.1136/bjsports-2022-106195. Epub 2023 Feb
  2. American Physhological Association. Clinical practice guideline for the treatment of depression across three age cohorts. Washington: American Psychological Association, 2019.
  3. Australian Government Productivity Commission. Productivity commission inquiry report: mental health. Canberra, Australia, 2020.
  4. Malhi GS, Bell E, Bassett D, et al. The 2020 Royal Australian and New Zealand College of Psychiatrists clinical practice guidelines for mood disorders. Aust N Z J Psychiatry 2021;55:7–117.
  5. Geidl W, Schlesinger S, Mino E, et al. Dose-response relationship between physical activity and mortality in adults with noncommunicable diseases: a systematic review and meta-analysis of prospective observational studies. Int J Behav Nutr Phys Act 2020;17:109.
Dr. Vinicius Fornazari CRM: 140.582
Médico Radiologista Intervencionista – RQE: 62655
Membro Titular SOBRICE/AMB
Doutor em Medicina – UNIFESP
Diretor Instituto Médico RAINTER
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